Demência

O que é a demência?
A demência não é uma doença. A demência é uma síndrome, crónica e progressiva, que altera a função cognitiva de forma incapacitante, à medida que o cérebro envelhece. Os neurónios, que, até então, funcionavam normalmente, deterioram-se, perdem a conexão com as outras células do cérebro e morrem. Mas, a demência não é típica da idade avançada, tampouco atinge todos os idosos. De maneiras distintas, ela afeta a memória, a capacidade de aprendizado, a compreensão, o raciocínio e o julgamento.
A demência e a perda de memória
A perda de memória é o sintoma mais conhecido e associado à doença de Alzheimer. Quando um adulto mais velho se esquece de onde pôs os óculos ou deixou a chave do carro, logo surge a dúvida: este esquecimento é normal nesta idade ou representa o princípio de Alzheimer?
O esquecimento pode ser uma parte normal do envelhecimento. Com o passar dos anos, assim como o corpo sofre modificações, o cérebro também passa por transformações. Algumas partes mais do que outras. Os idosos apresentam maior dificuldade para aprender coisas novas e podem, inclusive, sofrer uma redução na velocidade do raciocínio. Nada disso, porém, compromete a segurança ou interfere seriamente nas atividades do quotidiano.
Há algumas condições médicas que também comprometem a memória. E, na maioria dos casos, quando são detectadas e tratadas atempadamente, podem melhorar a qualidade de vida do doente. As Infecções no cérebro, os efeitos colaterais de medicamentos, o consumo excessivo de álcool, as lesões na cabeça e até a carência de vitaminas, como a B12, podem afetar as regiões do cérebro ligadas ao armazenamento de informações. As questões emocionais também têm efeito poderoso na memória. Não raramente, os quadros de depressão são confundidos com a demência por apresentarem uns sintomas semelhantes, como certa desconexão e ausência. Com o tratamento adequado, o quadro clínico é temporário.
O esquecimento, como sintoma da doença de Alzheimer, é diferente. Nesta doença neurodegenerativa e irreversível, as células do cérebro degeneram-se, desconectam-se e morrem. Consequentemente, toda a função mental fica comprometida, entre elas a memória. O que chama a atenção e surpreende os familiares e os cuidadores de pacientes é que na doença de Alzheimer o esquecimento não prejudica somente a memória de curto ou de longo prazo. O escopo é maior. O doente não se lembra de onde está ou quem é no presente, no momento. A capacidade de formar novas memórias também fica reduzida.
O processo de perda da memória normalmente compreende quatro fases:
- 1ª fase: a memória de curto prazo falha.
- 2ª fase: a memória episódica deteriora-se.
- 3ª fase: a memória semântica é afetada.
- 4ª fase: a memória processual desaparece.

Os tipos de demência
A demência surge quando o cérebro é danificado por alguma doença ou outro episódio que afete a funcionalidade deste órgão. Os sintomas específicos dependem da área do cérebro que for afetada pela doença.
A doença de Alzheimer é a forma mais conhecida de demência, porém não é a única. Há vários tipos de demência.
Veja quais são:

Crédito: Queensland Brain Institute

Crédito: The bio connection
A doença de Alzheimer
É a forma mais comum de demência entre os idosos e responde por cerca de 60 a 70% dos casos. Na doença de Alzheimer, as conexões entre os neurónios perdem-se, seja pelo acúmulo de proteína e formação de placas amiloides ou pelos emaranhados neurofibrilares, também consequência de um excesso anormal da proteína tau. Os primeiros sinais aparecem em regiões cerebrais ligadas à memória. Ao progredir e levar mais neurónios à morte, o comprometimento afeta as outras funções do cérebro, e deixa o paciente em dependência total e absoluta. É importante ressaltar que nem todo tipo de demência evolui para o Alzheimer.

Crédito: Alzheimer Association
A demência frontotemporal
Ela responde por 10% dos casos e é a mais comum entre as pessoas com menos de 60 anos de idade. Ela acontece quando há deterioração nos neurónios dos lobos frontal e temporal. Os lobos frontais são responsáveis pela capacidade executiva do cérebro. Ou seja, planear, organizar, realizar várias tarefas simultaneamente acontecem ali. À medida que estes neurónios morrem, os lobos atrofiam-se e os sintomas da doença aparecem. No início, o paciente pode conviver com apenas um ou dois sintomas. No entanto, por ser progressiva, a demência frontotemporal piora com o tempo e compromete as diversas áreas do cérebro. O comportamento e a capacidade cognitiva transformam-se e atingem a fala, assim como o deslocamento físico. Até o momento, não há tratamento, tampouco formas eficientes de impedir a evolução da doença.

Crédito: Onedio
A demência com corpos de Lewy
Geralmente, inicia-se após os 50 anos e afeta um pouco mais os homens do que as mulheres. Este tipo de demência está relacionada ao acúmulo da proteína alfa-sinucleína no cérebro. Este acúmulo recebe o nome de corpos de Lewy. Os sintomas são semelhantes às demais demências, além de comprometimento físico e motor. No início, o paciente consegue cuidar-se e manter as atividades normalmente. Em estágios avançados, a dependência é quase completa. A demência com corpos de Lewy é muito semelhante àquela desenvolvida por pacientes com a doença de Parkinson. Como na maioria das doenças progressivas, a demência com corpos de Lewy evolui de maneira diferente em cada paciente. A idade, o estado geral de saúde e como os sintomas apresentam-se são fatores que determinam a evolução do quadro clínico. Infelizmente, ainda não há cura.

Crédito: Egolegal
A demência vascular
É, atualmente, uma das grandes causas de demência e ocorre, na maioria dos casos, após um acidente vascular cerebral (AVC). Os sintomas dependem do local onde as lesões ocorrem, da extensão dos danos e do número de acidentes vasculares. As estatísticas revelam que em Portugal, seis pessoas sofrem um AVC a cada hora. Este número mostra o quanto a situação é preocupante. Ao contrário de outras demências, a demência vascular apresenta mais oportunidades de prevenção. Entre as recomendações, é importante ter um estilo de vida saudável, com uma alimentação moderada, praticar atividade física regular, controlar o consumo de álcool e manter distância do tabagismo.
Fontes: MSD Manuals, National Institutes of Health, Associação Brasileira de Alzheimer
Os factos sobre a demência

A idade é o principal fator de risco de demência.

A doença de Alzheimer é a forma mais conhecida de demência, mas não é a única.

A maioria das pessoas afetadas pela demência tem mais de 65 anos de idade. Com o passar dos anos os neurónios deixam de funcionar bem e não se comunicam mais uns com os outros. Esta degradação acontece com todos, porém em pacientes com demência, ela é maior e mais significativa.

A demência é progressiva e compromete o controlo emocional, o comportamento social e também a capacidade de pensar e decidir. Ela é uma das principais causas de incapacidade e dependência entre os idosos.

No início, a demência é vista como ‘coisa de gente velha’. Ela manifesta-se por meio do esquecimento, da perda da noção de tempo e espaço e da confusão ao realizar tarefas do dia a dia.

Com o tempo, o doente esquece-se de acontecimentos muito recentes, repete a mesma fala, apresenta dificuldade para comunicar-se e não consegue mais se cuidar sozinho.

Em estágios avançados, a demência leva a pessoa à dependência total e absoluta. Ela não pode mais ficar sozinha, não caminha com facilidade, não reconhece os familiares e apresenta oscilação de humor significativa.

A idade é o principal fator de risco. Como a expectativa de vida está a crescer no mundo, nós podemos constatar que a população idosa vive mais tempo e, consequentemente, ela apresenta cada vez mais doenças neurodegenerativas.

Embora haja diversos tratamentos em testes clínicos, ainda não há uma maneira definitiva de curar ou reverter o quadro clínico de demência. Até o momento, a grande missão é proporcionar o conforto físico e emocional de pacientes e de cuidadores.
Fontes: MSD Manuals, National Institutes of Health, Associação Brasileira de Alzheimer
O risco de demência e a prevenção
Quando não se sabe, com exatidão, o mecanismo que leva uma doença a desenvolver-se, a procura de medidas para preveni-la é um desafio. É o que ocorre com a doença de Alzheimer. As causas ainda não são totalmente compreendidas pelos especialistas. Sabe-se até agora que ela está associada ao acúmulo de dois tipos de proteína no cérebro, Tau e Beta-amiloide, que comprometem a saúde do órgão
O que muitos estudos científicos já mapearam são medidas capazes de prolongar a saúde do cérebro. Este, sim, é o caminho mais promissor para afastar a doença por mais tempo. Conheça os hábitos recomendados pelos médicos:

Praticar atividade física – manter o corpo ativo é a principal medida neuroprotetora e a que mais tem evidência científica para comprovar a eficácia. Além de prevenir a presença da doença, os exercícios também são poderosos na redução da progressão dos sintomas em quem já está com Alzheimer. O ideal é a prática de exercícios aeróbicos de intensidade moderada à intensa, por 30 minutos, três ou quatro vezes por semana.
Dormir bem – os estudos atuais demonstram que poucas horas de sono ou interrupções ao longo da noite ocasionam um aumento da proteína beta-amiloide no cérebro. A recomendação dos pesquisadores é dormir por um período de 7 a 9 horas. Ultrapassar este número, vale destacar, não amplia o benefício.
Comer bem – a alimentação é a melhor maneira de evitar muitas doenças crónicas e controlar a progressão dos sintomas. A Dieta Mediterrânica mostrou-se eficiente na luta contra o Alzheimer e na manutenção da saúde cognitiva. Ela consiste em grãos integrais, legumes e frutas frescas, além de azeite de oliva, peixe, ovos, frango e, inclusive, vinho e carne vermelha, que devem ser consumidos com moderação.
Manter o cérebro estimulado e a vida social ativa são apostas importantes feitas por especialistas. Embora haja dados, além da observação clínica de médicos, desafiar a mente e seguir envolvido com as atividades sociais proporcionam benefícios físicos e emocionais importantes.
Fonte: National Institutes of Health, Mayo Clinic e Harvard Health Letter
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