Um dos maiores desafios enfrentados pelos cientistas que estudam as doenças neurológicas é pesquisar as alterações no cérebro associadas à demência. Em indivíduos vivos, pouco consegue ser analisado, o que torna as autópsias fundamentais para a compreensão do quadro clínico. Muitas conclusões são obtidas ao copilar dados sobre a saúde cognitiva e os problemas diagnosticados em vida com as análises do cérebro após a morte.
Essa união de informações demonstrou, em diversas pesquisas, que muitos pacientes com demência apresentam, na verdade, a demência mista, ou seja, uma condição que une mais de um tipo de demência. Dados do National Institute on Aging, instituto norte-americano, revelaram que mais da metade dos cérebros diagnosticados com a doença de Alzheimer, em autópsias, também apresentavam evidências de outras demências. O NIA, em parceria com o Rush Alzheimer’s Disease Center, aplicou os testes cognitivos em mais de 1000 pessoas durante anos e, após a morte, examinou o tecido cerebral. A combinação de demências mais comum foi o Alzheimer – e o acúmulo anormal de proteína – com problemas associados à demência vascular. O Alzheimer também coexistiu com a demência de Corpos de Lewy.
Compreenda o que é a demência mista:
– O que é? A demência mista é considerada, por muitos especialistas, a demência mais comum em pessoas da Terceira Idade. Ela é a combinação de dois tipos de demência, o que dificulta o diagnóstico e, muitas vezes, compromete também o controlo da patologia. Na maioria dos casos, a demência mista acontece, aproximadamente, aos 80 anos de idade. A doença de Alzheimer é a demência mais comum e coexiste com outras demências ou com outras doenças neurodegenerativas, como a doença de Parkinson. Já os fatores de risco para doenças vasculares – que podem levar à demência vascular – aumentam também o risco de desenvolver a demência mista.
– Quais são os sintomas? Os sintomas da demência mista variam bastante em cada paciente. Eles também se manifestam, de acordo com as alterações que ocorrem em cada parte afetada do cérebro. O grande desafio é que os sintomas assemelham-se e confundem até os especialistas. As demências, como pode ser visto, apresentam diferenças muito subtis.
– Como é feito o diagnóstico? Para detetar as doenças neurodegenerativas, o melhor caminho é por autópsia do cérebro. Em vida, o diagnóstico de demência é realizado, principalmente, por meio do histórico médico do paciente, de exames físicos e de testes neurológicos. Os exames de imagem do cérebro podem também ser usados para detetar acidentes vasculares. Os estudos demonstram que quando a autópsia revela a presença de demência mista, o paciente foi previamente diagnosticado apenas com uma demência em vida.
– Há tratamentos para a demência mista? Infelizmente, ainda não há um tratamento ou medicamento específico para a demência mista. E, como a maioria dos pacientes não têm consciência da condição em que estão, eles seguem com o tratamento focado apenas em uma demência.
Fontes: Dementia.org, National Institute on Aging