Ao se tratar de doenças neurodegenerativas, as manifestações podem ser tão subtis que até mesmo os profissionais de saúde confundem-se ao realizar um diagnóstico. Algumas delas começam com os sintomas físicos e evoluem para o comprometimento cognitivo. Outras realizam o percurso oposto. E, há ainda aquelas que surgem com problemas em ambas as áreas. A demência de Corpos de Lewy é uma dessas patologias desafiadoras e apresenta-se como o caso de demência mais subdiagnosticado. Embora seja muito comum, os sintomas assemelham-se àqueles das doenças de Alzheimer e também aos que acometem os pacientes com Parkinson, o que dificulta o diagnóstico. Reconhecer a demência de Corpos de Lewy é fundamental para o controlo do quadro clínico. Muitos pacientes, com o tratamento adequado, seguem com boa qualidade de vida e independência. Veja o que é importante saber sobre a demência de Corpos de Lewy.
- A demência de Corpos de Lewy é a terceira maior demência em termos de incidência. Ela perde apenas para a doença de Alzheimer e a demência vascular. Ela tem esse nome por causa da presença de Corpos de Lewy, acúmulo anormal da proteína alfa-sinucleína, no cérebro. Como ainda não há um método para diagnosticar esse caso de demência, os médicos baseiam-se nos sintomas.
- Alguns pacientes com a demência de Corpos de Lewy apresentam distúrbios de movimento, como o tremor e a falta de equilíbrio. Por essa razão, muitas vezes o diagnóstico é identificado como doença de Parkinson ou com o parkinsonismo, que é o conjunto de sintomas neurológicos que mimetiza o Parkinson, mas tem outras causas e tratamentos. Há também os pacientes que inicialmente desenvolvem problemas de movimento, na sequência, a doença de Parkinson, e só depois desenvolve a demência de Corpo de Lewy. O percurso é diferente, porém com o passar dos anos os dois grupos de pacientes enfrentam os mesmos desafios, já que a causa é a mesma alteração no cérebro. Por fim, há pacientes que apresentam logo no início mudanças de comportamento muito semelhantes àquelas dos doentes de Alzheimer. Independentemente da ordem dos sintomas, todos eles são consequência da presença de Corpos de Lewy no cérebro.
- Os sintomas mais frequentes são o comprometimento cognitivo, a redução da atenção, da compreensão e da memória, os problemas de coordenação motora e de movimento, as alucinações, as mudanças de humor e de comportamento, os transtornos do sono e as alterações nas funções do sistema autónomo, como a circulação, a pressão, a respiração e a digestão.
- Grande parte das medicações utilizadas nos tratamentos para o Alzheimer e o Parkinson podem beneficiar os pacientes com a demência de Corpos de Lewy e abrandar os sintomas. Contudo, o diagnóstico correto e realizado no início dos primeiros sintomas é fundamental no sucesso do tratamento, uma vez que o ajuste da medicação pode levar tempo. Há também algumas substâncias, como os antipsicóticos, que funcionam para controlar os sintomas comportamentais do paciente com Alzheimer, mas elas não são recomendadas para as pessoas com a demência de Corpos de Lewy, pois pode agravar o quadro clínico.
- Cada pessoa desenvolve em ritmo diferente a demência de Corpos de Lewy. Por isso, não há como determinar quanto tempo o paciente terá autonomia e independência a partir do diagnóstico. O facto é que as doenças neurológicas progressivas não melhoram. É esperado um comprometimento físico e mental cada vez maior com o passar do tempo. Pensar no futuro, planear o que será feito e detalhar esses planos é fundamental para as famílias.
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Atualizado em 01/09/2020.