A doença de Alzheimer corresponde a 70% dos casos de demência e já atinge mais de 50 milhões de pessoas no mundo. Os primeiros sintomas são, muitas vezes, confundidos com o declínio cognitivo que acomete os idosos. Diante disso, quando o diagnóstico é feito, muitos pacientes já se encontram em estágios avançados da doença, para os quais os tratamentos são pouco eficazes. Um modo de reverter essa situação seria a descoberta de biomarcadores para detectar o Alzheimer em fases bem iniciais, quando a doença ainda não comprometeu o cérebro de forma significativa.
Um trabalho recente, realizado em parceria entre a City University of Hong Kong e a Johns Hopkins University avançou em direção ao diagnóstico precoce. Os pesquisadores desenvolveram uma técnica baseada nos princípios da ressonância magnética para identificar e monitorar os níveis de glicose no sistema glinfático, que é o sistema linfático do cérebro. Como já é sabido que os níveis anormais de glicose no cérebro são um indício precoce de Alzheimer, essa descoberta pode viabilizar abordagens que coíbam a evolução da patologia.
O estudo, embora promissor, foi realizado apenas em ratos de laboratório. Doses de glicose foram injetadas em ratos geneticamente modificados com Alzheimer e em ratos saudáveis, jovens e velhos. Todos eles passaram pelos exames de imagem, não invasivos. Os pesquisadores constataram que os animais doentes eliminam os fluidos do cérebro muito mais lentamente do que os demais. E essa é uma característica já observada em outros estudos sobre as doenças do sistema neurológico.
Uma curiosidade chamou a atenção dos cientistas: níveis anormais de glicose foram detectados nos cérebros dos ratos jovens, quando ainda não há a presença de neuropatologias. Assim, as imagens do sistema glinfático podem ser o novo biomarcador para detectar o Alzheimer em estágios iniciais. E por ser muito sensível e indicar alterações a nível molecular, seria possível diferenciar a doença de Alzheimer do envelhecimento normal.
Fonte: City University of Hong Kong
Na foto: Dra. Kannie Chan Wai-yan e seus colegas (da esquerda para a direita) Han Xiongqi, Huang Jianpan e Joseph Lai Ho-chi. Em parceria com investigadores dos Estados Unidos e da Suécia, eles desenvolveram a nova tecnologia e conduziram o estudo.
Imagem cedida pela City University of Hong Kong.
Atualizado em 13/08/2020.