Um dos maiores desafios da doença de Alzheimer é o diagnóstico. Os primeiros sinais são, muitas vezes, interpretados como processo normal do envelhecimento. Os pacientes passam anos sem saber se cada lapso de memória é demência ou consequência natural da idade. Até o momento, a doença é diagnosticada por meio de exames clínicos, relatos de familiares e, por autópsia, após a morte.

Durante a Alzheimer’s Association International Conference 2020, que aconteceu virtualmente no final de julho, foi apresentada a novidade tão esperada por toda a comunidade científica: um simples exame de sangue capaz de detetar uma forma da proteína tau, um dos marcadores da doença de Alzheimer, até 20 anos antes de aparecerem os sintomas de demência. Com este exame, o diagnóstico da doença de Alzheimer, que atinge 30 milhões de pessoas no mundo, torna-se mais acessível e amplamente disponível.

Desenvolvido e testado em 1402 pessoas da Colômbia, dos Estados Unidos e da Suécia, o exame mede os níveis da fosfo-tau217, uma forma da proteína tau, que é encontrada em emaranhados no cérebro de doentes com Alzheimer. Em indivíduos que apresenta o gene alterado para a doença, o índice de fosfo-tau217 aumenta duas décadas antes de as capacidades cognitivas serem alteradas. O resultado do exame, segundo os pesquisadores, foi tão preciso quanto o mapeamento do cérebro feito após a morte ou os exames clínicos caros e invasivos, como a tomografia por emissão de positrão (PET) e análise do líquido cefalorraquidiano (LCR).

Esse exame de sangue, de acordo com o comunicado à imprensa na conferência, poderá identificar os diferentes tipos de demência e outras patologias neurológicas, como a doença de Parkinson. Ele também será testado em pessoas sem sintomas, para prever o futuro. Assim, os especialistas poderão realizar tratamentos mais precisos e adequados para cada paciente. Embora os resultados sejam otimistas, ainda é necessário que sejam realizadas mais pesquisas. A estimativa é de que o exame esteja disponível para o uso clínico daqui a 3 anos.

Essa pesquisa foi coordenada por cientistas da Universidade Lund, na Suécia, e publicada no periódico JAMA.

Fonte: Alzheimer’s Association International Conference 2020

Atualizado em 03/08/2020.

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