Há tempos, os cientistas enfatizam que tudo que faz bem ao coração, também traz benefícios ao cérebro. Agora, uma pesquisa demonstrou que a saúde bucal também reflete no cérebro. O estudo, publicado no periódico Science Advances, revelou que a bactéria que provoca a gengivite, inflamação das gengivas, está associada à doença de Alzheimer.

O trajeto da bactéria Porphyromonas gingivalis da boca para o cérebro já tinha sido observado anteriormente. O que os cientistas observaram neste último trabalho é que a bactéria, ao chegar ao cérebro, libera a enzima gingipain. Essa, por sua vez, compromete a saúde dos neurónios, o que pode causar a perda de memória e a doença de Alzheimer.  

Para chegar a este resultado, os pesquisadores examinaram os cérebros de doentes de Alzheimer já falecidos. Todos eles tinham os níveis elevados da enzima gingipain no cérebro. Em testes realizados previamente em laboratório, foi detetado um resultado semelhante: os ratos contaminados com a bactéria Porphyromonas gingivalis apresentavam algum nível de infeção cerebral.  

A pesquisa, feita em parceria com os grandes centros de estudos dos Estados Unidos e da Europa, revela um caminho a ser investigado. Seja um novo tratamento para impedir o avanço dessa bactéria ou um fármaco para retardar a progressão de doenças neurodegenerativas, o caminho é longo.

Enquanto isso, a saúde bucal de doentes com a demência requer mais atenção. Muitas vezes, devido ao comprometimento cognitivo, eles não conseguem dedicar-se à higiene como antes ou não aceitam a ajuda dos cuidadores. A recomendação é orientar aos poucos, explicar como deve ser feita a higiene, mostrar a escova, o fio dental e a pasta dentífrica. As consultas de rotina com o dentista também devem ser mantidas.  

Fontes: Harvard University e Alzheimer’s Association

Atualizado em 11/06/2020.

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