Ciente dos efeitos nocivos causados por fortes impactos na cabeça, a Associação Escocesa de Futebol anunciou que pretende proibir as crianças menores de 12 anos de cabecear bolas durante os jogos e os treinamentos em clubes e escolas. A razão é proteger o cérebro e reduzir o risco de elas, no futuro, apresentarem perdas cognitivas e até mesmo demência. Como a anatomia da criança apresenta o colo menor e mais frágil, o perigo aumenta.
A resolução surge após um estudo, realizado pela Universidade de Glasgow, comprovar que jogadores profissionais apresentam um risco 3,5 vezes maior de morrer de alguma doença neurodegenerativa do que aqueles que não são submetidos a impactos fortes na cabeça com frequência. Divulgado no final de 2019, o trabalho analisou quase 8 mil jogadores e 23 mil pessoas que não praticaram desporto profissionalmente. Nos Estados Unidos, esta proibição já está em vigor desde 2015.
Há muito tempo que os impactos fortes e constantes na cabeça chamam a atenção dos médicos. O caso mais notório é o do pugilista norte-americano Muhammad Ali, que morreu aos 74 anos em decorrência da doença de Parkinson – enfermidade neurodegenerativa, assim como o Alzheimer. Embora existam outros fatores para o desenvolvimento do Parkinson, há inúmeros estudos que sustentam evidências de que traumas repetitivos no cérebro podem danificar os neurónios. Muitos estudiosos, no entanto, questionam se as lesões na cabeça levam às doenças ou apenas aceleram o que, eventualmente, já aconteceria àquele indivíduo. Ainda há um longo percurso para obter-se respostas definitivas.
Fontes: University of Glasgow e Parkinson’s Foundation
Os jogadores de futebol apresentam maior risco de demência.
Atualizado em 21/05/2020.