A perda auditiva em indivíduos de meia-idade, entre 45 e 65 anos, está associada a um risco maior de comprometimento cognitivo e demência no futuro. Esta é a conclusão do estudo realizado em larga escala, com mais de 16 mil homens e mulheres, em Taiwan.  

Pesquisadores da National Taiwan Normal University, em Taipei, avaliaram a qualidade da audição na meia-idade e como esta afetou a capacidade cognitiva dos participantes ao longo de 13 anos. Aqueles que apresentaram algum declínio auditivo indicaram um risco maior de desenvolver demência na década seguinte. O estudo também demonstrou que a perda auditiva não precisa ser grande ou total para aumentar a probabilidade de alguém ter uma enfermidade neurodegenerativa.

O estudo taiwanês e outros trabalhos que já investigaram esse tema demonstraram que sucedem diversas modificações no cérebro no processo da perda auditiva. Como essa perda sobrecarrega os neurónios, ela pode acelerar o envelhecimento. Para compensar a deficiência, é exigido mais esforço do cérebro, o que compromete a memória e a função executiva. Em resumo, a privação sensorial causada pela perda auditiva transforma a demanda do cérebro e, consequentemente, o desempenho cognitivo.

É importante ressaltar que a perda auditiva provoca um conjunto de consequências negativas na vida da pessoa com esta deficiência. As dificuldades para compreender a fala e a forma como isso atinge a comunicação do deficiente auditivo, leva-o ao isolamento social, à alteração do humor e à depressão – reconhecidos fatores de risco para o desenvolvimento de demência.

Como a incidência de demência está a crescer na população mais idosa, uma vez que a expectativa de vida também tem crescido, identificar os adultos com risco de desenvolvê-la é um passo importante no controlo e combate a esta enfermidade. Hoje, já se sabe que 65% dos fatores de risco que levam à demência são hereditários ou genéticos, o que significa que não há como modificá-los. Mas, os outros 35% podem ser alterados. Entre eles, a perda auditiva é até mais importante como marcador do que a hipertensão, a obesidade, a depressão, a diabetes e o tabagismo.

Estudos prévios já demonstraram que o uso de aparelhos auditivos e até de implantes cocleares (dispositivo que tenta devolver a audição) conseguem coibir o declínio cognitivo. O diagnóstico da perda auditiva, portanto, é de extrema importância para reverter o quadro clínico. O estudo taiwanês, por sua vez, sugere que os adultos de meia-idade devem ter a audição avaliada com frequência para que sejam tomadas providências o quanto antes.

Leia mais sobre fatores de risco aqui.

Fonte: Jama e National Institutes of Health

Atualizado em 12/05/2020.

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