Tradicionalmente, quando nós pensamos em uma medicação, nós pensamos em uma única doença. Mas, não raramente, uma substância surpreende a medicina e a indústria farmacêutica com um alcance maior e inesperado. Este é o caso da rapamicina, um imunossupressor usado para evitar a rejeição após as cirurgias de transplantes de órgãos. Recentemente, ela tornou-se a grande promessa nas pesquisas sobre a longevidade e o combate ao envelhecimento. Em ratos de laboratório, a droga prolongou de 9 a 14% a expectativa de vida. Ela também se mostrou eficiente na longevidade de moscas e de fungos. Saiba o que é e como atua a rapamicina, uma substância que pode, eventualmente, prolongar a expectativa de vida do ser humano.

– Os cientistas acreditam que a rapamicina atua sobre a proteína mTOR, um importante regulador do crescimento das células. Logo, ela funciona em diversos casos de cancro. A outra função da substância seria impedir o envelhecimento, assim como fazem as dietas de restrição calórica. Sabe-se que as células acumulam as proteínas defeituosas e os resíduos com o passar dos anos, principalmente em pacientes com doenças neurodegenerativas. O mTOR, por sua vez, consegue ativar o processo de reciclagem dessas células, de forma a devolver–lhes as devidas funções.

– A rapamicina, em um estudo realizado na Universidade do Texas, demonstrou ser eficiente para impedir a redução do fluxo sanguíneo e a perda de memória em ratos idosos. Com a medicação, estes ratos aparentavam ter muito menos idade e um fluxo sanguíneo normalizado. Para os pesquisadores, a descoberta representa uma excelente oportunidade para investigar a prevenção da demência causada pela doença de Alzheimer.

– O poder da rapamicina não está, exclusivamente, em combater ou prevenir uma doença. O grande benefício da droga é aumentar a eficiência das células e, desse modo, promover a saúde e retardar o envelhecimento.

– Embora as pesquisas demonstrem evidências claras dos benefícios da rapamicina, ainda há ressalvas e cuidados que demandam mais pesquisas. Por ser um imunossupressor, a rapamicina aumenta o risco de o usuário ter infecções oportunistas, além de diabetes e cancros. E, embora ela tenha efeitos benéficos em modelos experimentais, a substância ainda não chegou à fase de testes clínicos em humanos com neurodegeneração.

– A rapamicina tem origem em uma bactéria do solo, a Streptomyces hygroscopicus, e foi descoberta na Ilha de Páscoa, na década de 1970. O nome deriva de Rapa Nui, uma denominação aborígine do território.

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Fontes: Nature, Enciclopédia Britannica, US National Library of Medicine, University of Texas Health Science Center at San Antonio, Science Translational Medicine  

Atualizado em 31/03/2020.

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