O diagnóstico da doença de Alzheimer, principalmente no início e em idosos, é um enorme desafio. Ir à procura de um diagnóstico, em muitos casos, também demora muito tempo. Em geral, a maioria dos adultos atribui os primeiros sinais da doença a diversos fatores e minimizam o problema real que pode estar a consolidar-se. O sr. (a) se esqueceu de onde pôs a chave do carro? Não se lembra do número de telefone de uma pessoa próxima? Estes são sinais que podem ser considerados pequenos detalhes ou consequência de cansaço, de tensão, de envelhecimento. Mas, eles podem indicar que a doença de Alzheimer está a aproximar-se.

É importante procurar ajuda e concluir ou excluir o diagnóstico da doença de Alzheimer por diversas razões. Primeiramente, o especialista poderá descartar as outras condições médicas que apresentam sintomas semelhantes e reversíveis. A perda auditiva ou de visão, a depressão ou os efeitos colaterais de medicamentos podem causar um prejuízo enorme à capacidade cognitiva e à funcionalidade de um indivíduo – e não ser Alzheimer.

Caso o diagnóstico de Alzheimer seja confirmado, que seja o quanto antes. Desta forma, o paciente e os familiares têm tempo de compreender a doença, procurar informação, receber aconselhamento e planear-se para a progressão inevitável deste quadro crónico. No estágio inicial, ainda é possível fazer planos e manifestá-los.

Como o diagnóstico é feito?

  • Ao observar um dos sinais iniciais da doença de Alzheimer, como o esquecimento recorrente, a dificuldade para lembrar-se de determinadas palavras ou, até mesmo, a incapacidade para organizar- se, é aconselhável procurar um médico de confiança.
  • O diagnóstico da doença de Alzheimer, até o momento, é clínico. Ou seja, ele é feito após uma avaliação médica realizada por neurologistas, neuropsicólogos e geriatras. Estes especialistas conduzem uma série de abordagens e de testes para analisar o histórico do paciente e também descartar a presença de doenças que possam levar à demência.
  • Em consulta, os especialistas realizam uma pesquisa aprofundada para compreender o histórico médico do paciente, o uso de medicamentos e as mudanças comportamentais que geraram a queixa. Neste primeiro momento, é interessante o paciente estar acompanhado de um parente ou algum amigo próximo que possa colaborar com as informações detalhadas.
  • A seguir, os testes cognitivos podem ser realizados a fim de avaliar o grau de comprometimento neuropsicológico e intelectual. O Mini Exame do Estado Mental (MEEM) é globalmente usado e serve como parâmetro para acompanhar a evolução do quadro clínico em futuras consultas. Ele avalia as funções de memória, de escrita e de cálculo.
  • As reclamações do paciente também têm um valor imenso na procura do diagnóstico. É preciso investigar se as dificuldades são significativas, o suficiente para comprometer as atividades da rotina, como por exemplo, pagar as contas, tomar medicamento ou usar o transporte coletivo.
  • Os exames de sangue e de imagem, como a tomografia e a ressonância magnética, auxiliam o médico a descartar outras doenças, que também podem causar demência, como o acidente vascular cerebral (AVC), a doença de Parkinson e até mesmo os tumores.
  • Infelizmente, ainda não há um teste que confirme a doença de Alzheimer. Atualmente, o único meio de confirmar o diagnóstico é com um exame microscópico do tecido cerebral do doente após o falecimento. No entanto, há diversas pesquisas em curso sobre a beta-amiloide e a proteína tau; biomarcadores da doença. Espera-se que, no futuro, os exames possam auxiliar em um diagnóstico mais preciso e rápido.

Fonte: Neuropsicóloga Renata Ávila,doutora em Ciências pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora colaboradora do Projeto Terceira Idade (PROTER), também da USP, membro do Neuropsychological Rehabilitation – Special Interest Group – Brazil (SIGBRA – WFNR), Associação Brasileira de Alzheimer; Alzheimer’s Association.

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