A grande esperança é que, um dia, exista um medicamento para curar a doença de Alzheimer e as outras demências ou, ao menos, que interrompa a progressão dos sintomas. As diversas drogas para reduzir a degeneração dos neurónios estão disponíveis e são amplamente usadas em todo mundo. As abordagens para garantir a autonomia e a independência dos pacientes, no entanto, são mais amplas. Muitos especialistas em doenças neurodegenerativas acreditam que, paralelamente ao tratamento medicamentoso, a reabilitação neuropsicológica é essencial na preservação da capacidade cognitiva, emocional e funcional. É importante perceber como funciona essa terapia, como praticá-la e os benefícios que podem ser alcançados:

  • A reabilitação neuropsicológica busca, com o paciente, caminhos para lidar com problemas que aparecem como resultado da evolução da doença e as mudanças cognitivas que a acompanham. Ela possibilita que indivíduos com demência participem das atividades que desejarem, da forma que conseguirem, no próprio contexto social e pessoal.
  • A reabilitação não é um tratamento prescrito para um paciente ou administrado em alguém. É uma abordagem que envolve e estimula o doente a usar ao máximo os recursos que ele ainda possui.
  • O modelo de reabilitação que mais apresenta resultados positivos é aquele baseado em metas, que são definidas com o paciente com demência ou com a família, se necessário. Por exemplo, os objetivos podem ser voltar a frequentar o clube e lembrar os nomes dos amigos de lá. Cada passo será trabalhado com estímulos específicos. Até um passeio ao clube pode estar incluída.
  • O objetivo da reabilitação é o paciente continuar a exercer um papel na sociedade, envolver-se em atividades com significado e aprender conteúdos relevantes para a manutenção da autonomia dele no dia a dia.
  • Para que a reabilitação funcione é preciso que o paciente esteja em primeiro plano. As habilidades e as preferências dele devem ser consideradas e as escolhas respeitadas, sempre que possível.

DESTAQUE

Sempre há algo que pode ser feito para o paciente viver melhor. Se não fala, escuta. Se não escuta, sente um toque, um aroma”.

Renata Ávila

Leia sobre tratamentos farmacológicos para a doença de Alzheimer aqui.

Fonte: Neuropsicóloga Renata Ávila,doutora em Ciências pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora colaboradora do Projeto Terceira Idade (PROTER), também da USP, membro do Neuropsychological Rehabilitation – Special Interest Group – Brazil (SIGBRA – WFNR).

Partilhar: